Antes de mais nada, gostaria de deixar claro que esta é uma posição minha e apenas minha. Aqueles que discordarem podem me procurar.
Ao que parece, a nova onda hoje em dia é questionar o apolticismo (ou apartidarismo, como muitos, inclusive eu, prefiro) e se vê muitas pessoas ditas Antifascistas e envolvidas com políticas de esquerda colocarem todos os que não compartilham de seus ideais no mesmo saco daqueles que dizem combater. Veja bem, não estou dirigindo a minha crítica a nenhuma visão política específica ou a algum grupo, mas se a carapuça servir, não me culpem. A crítica vai para os ditos libertários que vão contra os próprios princípios de qualquer política libertária, sejam eles punks, skinheads, pagodeiros, funkeiros, não me importa. Isso simplesmente me veio à mente após uma série de incidentes, se tratando de uma reflexão puramente pessoal.
Primeiro, quanto ao apoliticismo. Me entristece ver, ler, ouvir e ficar sabendo por amigos, que alguns indivíduos ditos libertários parecem ter esquecido que ser apolítico/apartidário é uma opção pessoal, assim como religião, opção sexual, etc. Ao afirmar que "ser apolítico é ser conformista", que "é impossível ser contra qualquer coisa sendo apartidário", sendo o apartidarismo uma posição de quem "fica em cima do muro", estas pessoas demonstram posições pouco amistosas e abertas ao diálogo. Além disso, me parece uma forma de afirmar que todos os punks ou skinheads que não levam a política tão a sério, seja todo o tempo ou apenas quando não acham necessário entrar em tais assuntos, não são dignos de credibilidade ou de se considerarem punks ou skinheads. Acredito que a decisão de não discutir política na rua é uma decisão política muito válida.
Obviamente não são todos os libertários que pensam assim, mas que este tipo de pensamento parece estar ganhando força, parece. Inclusive, me parece que muitas vezes, não se trata de má fé, apenas imaturidade ou falta de informação, não sei bem ao certo, mas não penso daquela velha forma de como as coisas são pensadas no Brasil, com as pessoas simplesmente dizendo "Ah, é filha da puta", "Então ele disse isso? Então é pilantra!". Acredito mesmo que todos tem direito a se equivocarem de vez em quando, inclusive aqueles que não dão margem para erros alheios, afinal, "Herrar é Umano", né?
Um outro conceito que parece ser senso comum, não só entre o povo com inclinações autoritárias e tal, mas mesmo entre alguns "libertários", é o de violência e intolerância justificadas. Tudo se justifica em nome do "bem maior", o bom e velho "os fins justificam os meios". Assim, não só nazis, "punks" ganguistas e semelhantes são os tais queima-filme das cenas. Não acredito em passividade, mas acredito em respeito, inclusive a quem não te fez nada, a não ser não compartilhar das tuas ideias. De um ponto de vista mais pragmático, ao se apelar para a violência, moral ou principalmente física, fica apenas mais uma briga entre esses "Selvagens e Covardes" para quem está do lado de fora ver . "Ah, mas eles queimam o filme da cena!", "a gente faz isso para proteger a cena", "ah, eles nem são abertos a diálogo", entre outros, são os argumentos utilizados por quem realmente acha a violência uma forma construtiva de se resolver os problemas e de se melhorar a imagem do "underground" brasileiro. Como se gastar o tempo com atitudes produtivas ao invés de só destruir. Ao invés de só pensar naqueles que fazem mal à cena, tentar fortalecê-la, disseminando informação, dialogando, etc.
Quanto ao "xerifismo" no role, me parece óbvio o porquê de esta expressão ter sido usada. É algo cada vez mais comum, também. Os "delegados da cena", pertencentes a todas as subculturas possíveis, vêm ficando cada vez mais saidinhos. Aquele seu amigo de infância está andando com alguém que o xerife não gosta? Ah, isso está errado, você tem de apanhar, seu PILANTRA. Você não compartilha das mesmas ideias do xerife? Tem de apanhar, você é pilantra. O delegado não vai com a sua cara? Ah, isso é um motivo para você ser pilantra. Você e ele já se desentenderam antes? Ótima brecha para ele sujar a sua imagem, afinal, você é um PILANTRA. Agora, como dito antes, na hora de dialogar e resolver os problemas, na hora de informar as pessoas, ninguém mostra a mesma disposição demonstrada na hora de fazer intrigas e de arrumar encrenca.
Infelizmente, essa é a mentalidade das pessoas envolvidas com as várias cenas diferentes no Brasil, não sendo os skinheads exceção.
Daniel
22 comentários:
Quer dizer então que eu tenho que dar diálogo pra quem cumprimenta nazi e se diz antifa?
pra quem paga de antifa e faz uma gangue?
Tenho que achar indiferente se meu colega de infância vira um facho,e eu sou antifa?
Filho, poucas ideias você heim!
você não sabe nem QUANDO você tá tomando um lado!
Do mesmo jeito que você deu sua opinião,eu to dando a minha!
Não vai pensar que estou dizendo que tudo que vc pensa é errado,jamais, cada pessoa pensa de um jeito!
Azeitona.
Ae Daniel, curti o assunto citado no post, ta rolando muito disso realmente.
Valorizo quando você diz:
"Me entristece ver, ler, ouvir e ficar sabendo por amigos, que alguns indivíduos ditos libertários parecem ter esquecido que ser apolítico/apartidário é uma opção pessoal."
Realmente leva política pra cena quem quer, eu tenho minha política, mas prefiro não levar ela para as ruas e não é isso que me faz mais ou menos skin do que quem por opção a leva para a rua.
Isso vai de cada um, já ouvi gente falando que eu deveria tomar uma posição política dentro do role porque assim estaria fazendo mais pela cena.
Não concordo com isso, como já foi dito, leva política pro role quem quer.
Mas essa idéia de que se você não escolhe uma posição política você é menos do que quem escolhe, acho uma baita bobeira.
Somos ambos skins e antifacistas, gerar intriga por esse tipo de coisa é enfraquecer nossa própria cena.
E concordo com o Azeitona de que não devo ser receptivo com cara que se diz antifa e cola com pilantra ou sai por ai fazendo gangue.
Todos temos nossas opiniões, o blog está aqui pra discutirmos elas.
gostei da foto! clint eastwood é o cara! quanto ao texto, acho que é uma coisa bem simples: as convicções políticas de uma pessoa não tem nada a ver com o tipo de musica que ouve e o visual que ela tem. são coisas completamente separadas. concordo com algumas coisas, não tudo. Só acho que muita gente no role ta ficando muito bitolado em idéias bobas e a coisa ta perdendo a graça cada vez mais. Parece uma verdadeira alienação em massa e dessa vez a mídia não tem culpa nenhuma nisso. Hoje em dia temos toda informação em nossas mãos, mas em contrapartida as pessoas estão cada vez mais acomodadas, e não conseguem transformar o bombardeio de informações em conhecimento.
Muito bom esse post.
Só que minhas idéias políticas, e pessoas não compactuam com idéia de nazi, nem fascista. Eu não tenho porque falar com uma pessoa assim(não só por minha visão política, mas PESSOAL também)...Mas dá uma raiva de quem vê fascismo aonde não tem, e TENHO ABSOLUTA CERTEZA, que é coisa de quem não conhece nada de política, nem da própria cena. Só sabe o que é brigar e gritar "ARNARQUIA" (mesmo nem conhecendo Proudhon etc, ou qualquer outro grito...São pessoas que ainda não fizeram nem uma auto-crítica do seus próprios pensamentos, nem de si mesmo. Pois se tivessem feito, não agiriam de tal forma...saber diferenciar ideal de rolê é algo que qualquer radical consegue, só que quando a pessoa se diz radical e não tem bom senso, e nem fez a sua auto-crítica ou reflexão acontece isso.
tá um lixo isso, para as cabecinhas fechadas, parece que ser apolítico é ser amigo de nazi ou facho, enquanto os "liberais" não respeitarem os apolíticos, a cena vai continuar fadada ao fracasso, e os verdadeiros fachos e nazis ficam cada vez mais fortes...
enquanto pessoas se preoculpam em apontar dedos paras as pessoas dentro da propria cena, e não correm atras do prejuizo mesmo, continuaremos assim, nazis e fachos dominando SP
até em show de musica jamaicana, que por tradição, é apolítica, tem cabecinha vindo cobrar outro por causa de política
Definições de Apoliticos nos dicionarios
Diz-se de indivíduo que não se interessa por política ou que não orienta por ela sua atividade, opinião etc.
apolítico
adj.
1. Que é estranho à política.
2. Que não professa política partidária.
=D
Política é tudo que se refere a nossa sociedade com um todo. Eu nunca acreditei nessa conversinha de apoliticismo, porque política é tudo na vida. Quando você vai pedir um aumento pro seu chefe, você está fazendo política, quando você reclama que aumentou o preço da gasolina isso é um assunto político.Oque é errado é misturar essas coisas com uma coisa que pra mim sempre foi apenas uma diversão de fim de semana. Nunca me bitolei em idéias de movimento.
e pra complementar meu comentário, eu acho que os "nazis" tupiniquins são em sua maioria ignorantes e não seguem nenhuma tendência política de verdade e sim tendências segregacionistas. não acho que representem nenhum perigo pra sociedade, é perder tempo ficar falando deles, cada um dá seu role. Quanto a violência isso é outra história, todo mundo sabe que a maioria das brigas no role acontecem por motivos bobos. é uma questão cultural, brasileiro gosta de resolver tudo na porrada, não é uma coisa exclusiva da cena.
Respondendo aos comentários... um de cada vez.
Ao Azeitona: Cara, acho que você entendeu errado. Não fiz apologia de quem anda com nazi e se diz antifa, de quem é ganguista, nada disso. Pelo contrário, concordo plenamente que não tem como ser receptivo, chamar o cara pra tomar uma junto ou qualquer coisa do gênero. Não é esse o ponto. Eu quis dizer que PARA MIM, violência, seja moral ou física, não é algo construtivo. Ainda mais quando o cara não necessariamente é um nazi-fascista da vida.
Alex: Foi isso justamente o que eu quis dizer. Acho complicado esse lance de ficar julgando uma pessoa por ela não compartilhar dos mesmos ideais que você ou simplesmente não expressá-los, quando isso é um direito dela.
Gabriel: Realmente, Clint Eastwood é foda demais. Agora, quanto ao lance da alienação, eu concordo plenamente. É horrível ver que em tempos de internet muitas pessoas ainda são alienadas. Parece aversão ao conhecimento, isso. Então, quanto ao lance de política, é justamente por isso que eu prefiro usar "apolítico/apartidário", justamente para deixar claro que ao meu ver, apolítico não é alguém que se exclui da política, mas sim, um cara que não sai gritando o que pensa politicamente aos quatro ventos. Eu, por exemplo, tenho minha opinião política, mas não acho que o fato de um cara não compactuar dos meus ideais me torne inimigo dele ou nos impeça de manter contato. Isso só ocorre quando a ideologia do cara me ofende ou atinge de forma pessoal, como é o caso de nazi-fascistas.
Continuando a resposta ao Gabriel...
Então, é justamente isso que eu acho. Que não tem de falar com nazi, não tem de dar trela, mas é melhor se ocupar fazendo mais pela cena do que arrumando encrenca com eles. Quanto a violência no role, eu concordo plenamente. Eu já vi várias vezes acontecer de rolar treta por motivos bobos, parece que o povo quer se mostrar, quer mostrar que não corre de briga, que é mais forte, sei lá. E é a velha história, enquanto quem presta tá se matando, a mídia cai de pau e o povo que tem ideia torta faz a festa.
Ao decidir ser skinhead ou punk, você assume um compromisso com o antifascismo, de uma forma ou outra.Ser antifascista não significa ser anarquista ou comunista.O próprio nome já diz o que significa.
Nenhum antifa que se preze irá exigir que você seja anarquista ou comunista, nem que você assuma uma postura de esquerda ou direita.A postura cobrada é a de não fechar com lixos nazis nem carecóides, que distorcem totalmente o verdadeiro skinhead.Isso não é difícil de ser entendido nem praticado.
O apoliticismo não pode ser usado também como um rótulo pra não se comprometer e poder andar com escória e fazer seja qual for a merda.Assim como o "trad".Quanta gente por aí se diz trad, como forma de cruzar os braços, vestir um visu e sair pra tomar cerveja com uma pessoa com idéias totalmente distorcidas.Mas não importa, né?Afinal o cara é "trad e apolítico"
Não importa se o cara é "seu amigo de infância", inclusive, isso é uma desculpa clichê de quem quer andar com qualquer um, sem se preocupar com sua idéia diante do rolê.
Quanto a esse pacifismo defendido, não é a realidade das ruas nem das subculturas desde o início, simplesmente...
mas em primeiro lugar fora os nazis a gente se divide em grupos. Isso é natural do ser humano pois cada pessoa anda com a turma que se identifica mais. E entre esses grupos também existem desavenças por qualquer motivo. Então seria uma coisa utópica eu chegar aqui e dizer vamos nos unir contra os nazi/fascistas.O que falta mesmo é respeito, se tivesse respeito dava pra viver todo mundo harmoniosamente bem no mesmo lugar. Agora se eu falar que a violência tem que acabar no role, eu vou estar fazendo demagogia porque quando eu era ativo no role eu me envolvi em muitas brigas. A maioria pelos motivos mais idiotas possíveis, do tipo: não fui com a cara daquele cara ali, que cara mais feio! haha
quando eu era mais novo eu pensava: vou ser skinhead pra sempre, até ficar bem velho. Mas as pessoas evoluem, quando a coisa começou a perder o sentido pra mim a medida que fui ficando mais velho fui desencanando de tudo. Eu vejo o pessoal que dá role hoje em dia, e não consigo me identificar, o pessoal da minha época tinha um pensamento bem diferente e olha que nem faz tento tempo assim. Foi a partir dai que comecei a deixar o meu cabelo crescer. Pra mim ser skinhead ou punk significa: o visual e o estilo de musica que escuta, não adianta querer que a coisa seja mais do que isso, porque não é.
mas ai daniel, parabéns! o texto já criou a maior polêmica. textos assim que são bons haha e ainda vai dar pano pra manga essa história haha
O que me parece desculpinha é o lance de falar que "não é a realidade e nunca vai ser". Isso sim é coisa de gente comodista. Forma de justificar qualquer ação errada. "Ah, mas sempre foi assim."
Poisé, se se sempre foi, mais um motivo pra mudar.
Não estou cobrando passividade. Mas digo que seria melhor se rolasse mais respeito. Ou seja, você respeita o espaço de quem quer que seja. Não precisa sair fazendo amizade com nazi ou o que for, mas respeite e exija respeito.
Isso também vale para relações com não nazis. Justamente o que o Gabriel disse, é bem comum esse tipo de atitude de arrumar encrenca por motivos ridiculos.
Ah, só pra completar, queria deixar claro que respeitar não significa ficar parado quando um cara age de uma forma errada perto de ti. Mas significa não ir cobrar nada dele se ele não fez nada.
E valeu, cara. Queria deixar registrado o que eu penso e ver o que os outros pensam. Fico feliz que deu nessa coisa da argumentação e tal.
Bom texto. O extremismo, em especial o político, de fato ferra com tudo. Muita gente se preocupa mais com a vida dos outros do que com a política que diz seguir...afinal, a dita politicagem na maioria dos casos, é apenas um argumento para se tomar atitudes nada políticas.
Sei bem disso...e passei a ter a mesma opinião do autor quando vi muitos dos amigos politizados tomando outros rumos que nada tinham a ver com as subculturas ao qual diziam fazer parte.
Foi a partir daí que deixei a política de lado. Alias, tenho certos pensamentos sobre x ou y. Mas...é algo que se um dia eu quiser por em prática, mesmo que no debate....vai ser melhor procurar um grupo de intelectuais ou estudiosos. Pois ficar falando de política em rolês onde prevalece a cachaça....é perca de tempo.
putz... curti isso aki... mas pq tem gente entrando como anonimo?! se tah certo que ta dando a sua opiniao!? hein?
olha, gostei do texto, sinceramente, escreveu como se foss eum jornalista, parabéns por este ponto.
Mas vou tentar levantar uma discussão, se tem Careca ou Nazi em um som nosso, sendo de Oi! ou Ska, estou supondo, o cara é bem vindo? NÃO! por que são dois ''movimentos'' totalmente contrários a nossa cultura Skinhead, não acham? Nessas horas quero que se fodam os pacifistas, anarquistas, socialistas, hinduístas, direitistas, ou seja, quero que se foda todo esse discurso de ''respeito ao próximo'', não devo respeitar quem se díz Skinhead e é totalmente deturpador de imagens(carecas e nazistas), falo em Careca e nazi para não citar os anarcopunkslibertários com cabresto ahahah. Enfim, já diria um velho senhor de ''Gales'', ''Antifascismo não por você, pela tua CULTURA!''. Enfim, minha opinião.
Mohammed.
É o que eu disse, não tô cobrando passividade, que se apanhe e deixe quieto. Jamais falaria isso.
Quanto a defender a cultura, é só lembrar do som Skinhead Times, do Opressed. Nem vou dar mastigado, é bem fácil de achar, tem até no blog.
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